UniQ na Alemanha: mobilidade e tecnologia no primeiro dia de InnoTrans 2022 em Berlim

Setembro é o mês da Mobilidade e, não poderia acontecer em outra data, uma das feiras mais importantes do setor: a InnoTrans. Esse evento acontece anualmente em Berlim, na Alemanha, e nós fomos conferir tudo de pertinho, veja só!  

Se você tem interesse nos segmentos do transporte e da mobilidade urbana já deve ter ouvido falar dela e, caso não tenha, sem problemas, porque antes de tudo vamos contar um pouquinho da história desse evento tão relevante para o mercado dos transportes. 

O que é a InnoTrans

A InnoTrans acontece desde 1996 e é considerada a maior feira comercial do mundo em termos de transportes ferroviários. Embora tenha maior foco nesta modalidade, a feira abrange uma enorme gama de setores da mobilidade urbana e do transporte em termos gerais. 

O evento aconteceu entre os dias 20 e 23 de Setembro e a UniQ teve a oportunidade de visitá-la pela primeira vez em duas ocasiões, sendo elas, nos dias 20 e 22 de Setembro. 

Essa feira é conhecida pelo seu grande display externo que simula faixas de ferrovia, onde os convidados têm a oportunidade de conhecer os mais novos modelos de veículos ferroviários no mercado. Saiba mais sobre o histórico do evento no site da InnoTrans.

Experiência no primeiro dia de InnoTrans

Em 20 de Setembro, nosso primeiro dia visitando a feira, nos impressionamos logo no início com a quantidade de produtos de inovação em todas as áreas, seja em termos de ônibus, trens e metrôs, soluções e softwares para a mobilidade urbana, e muito mais. 

Nossa primeira parada foi, é claro, no cantinho da mobilidade, onde assistimos a apresentação de um case com Killian Ulm, da Axon Vibe. Na oportunidade, ele discorreu sobre “Mobilidade movida a inteligência artificial e plataformas de recompensas para incentivar viagens sustentáveis”, nome talvez complicado para um conceito inovador que não é tão complexo assim. Entenda:

Mobilidade urbana, IA e plataformas de recompensa: como estão conectados?

Durante a apresentação, Killian explica como é que a inteligência artificial e as plataformas de recompensa podem interferir de forma positiva na mobilidade urbana. 

Para isso, ele traz alguns exemplos, como a possibilidade de prever o comportamento humano através do uso de GPS, ou seja, com a localização de smartphones ativada por meio de aplicativos. Dessa maneira é possível colher uma série de dados, como os padrões de movimento daquele usuário, por exemplo. 

“Ao analisar informações de localização e sensoriais do smartphone é possível identificar padrões de movimento, de tal maneira que sabemos exatamente como as pessoas estão viajando: bonde, ônibus ou trens” expõe ele. 

Segundo Killian, com esse tipo de tecnologia, é possível trazer o público de volta para o transporte público, de maneira a mudar o comportamento dos usuários e como eles se locomovem. 

Através dos dados colhidos com o padrão de movimento de cada usuário, é possível entender sua localização, rotas comuns, detectar o trânsito próximo a esta pessoa e sugerir a melhor opção usando o transporte público como, por exemplo, substituindo a rota deste usuário que seria mais exaustiva com um veículo individual.  

O palestrante pontua que essas sugestões de alternativas consideram uma série de fatores, tal como o clima naquele dia e outros padrões diversos. Por exemplo, se chove naquele dia e o trânsito está congestionado em um determinado ponto, o app pode sugerir o carro para um trecho que tenha conexão com o transporte público no resto do caminho. 

Outro exemplo é indicar para o usuário que o dia em questão tem uma temperatura agradável para uma caminhada até certo ponto e usando o transporte coletivo na sequência ele pode ganhar alguns minutos. Entretanto, essa tecnologia conta ainda com uma outra maneira de incentivar o transporte público: recompensas. 

Através do aplicativo, o usuário pode ser recompensado pela sua escolha sustentável, por meio de vouchers oferecidos pelo governo e/ou por marcas parceiras. Killian menciona que outras recompensas podem partir da decisão do usuário por viajar fora do horário de pico e que isso já mostrou reduzir jornadas neste período do dia. Ele ainda relembrou que um dos pontos que incentiva o usuário a usar o aplicativo é entretê-lo com um formato divertido.

De acordo com o porta-voz da Axon Vibe, essas recompensas aumentam a taxa de conversão porque existem lojas que ficam perto das estações onde o usuário vai passar e, através dessas, é possível estabelecer parcerias. 

Por fim, Ulm destacou que essa tecnologia é um tipo de comodidade que precisa existir, ou seja, a integração entre diferentes modais de transporte urbano. “A mágica está em saber em qual momento, qual é o perfil de pessoa, qual tipo de serviço, ou qual tipo de suporte necessário” conclui.

É importante relembrar que otimizar as redes de trânsito e a união entre elas é uma das tendências para o setor, vista por muitos como uma obrigação para o desenvolvimento da mobilidade urbana do futuro. Esse assunto, inclusive, foi muito destacado durante toda a feira. 

Como o E-commerce pode influenciar no futuro da mobilidade urbana

Mais tarde, mergulhamos no que Michael Rogge e Kay Dallmann, da Arvato Financial Solutions, chamam de “12 momentos de inspiração”, pontuando cenários característicos do E-commerce e suas boas práticas que, de acordo com eles, se mostraram inspiradoras para o futuro da mobilidade.

Kay Dallman deu início a apresentação destacando o quanto o chamado “User Centricity” – que conceitualmente significa colocar o usuário no centro de qualquer decisão, seja ela comercial, design de produto, ou qualquer outra – é importante para a mobilidade urbana e como é possível aprender sobre isso com o E-commerce. 

“Tudo começa com o consumidor, seja quem for que entrega o serviço, é preciso adicionar um benefício para o mesmo” começa ele e continua: “O resto é sobre garantir que quem orquestra a experiência do consumidor tenha benefícios para entregar a este”. 

Na sequência, os apresentadores listaram os momentos de inspiração, sendo eles: 

1 – Como os marketplaces são populares entre o público e como essa preferência também deve se aplicar a mobilidade;

2 – Entender o que o usuário consome e sugerir ofertas personalizadas; 

3 – Todo mundo ama rastreamento de entrega: se aplica ao transporte como informação do status do ônibus, por exemplo;

4 – Facilidade do “self-service”: viabilizada pelos chamados “Chat Bots”, serviço popularizado no Brasil pelo atendimento via WhatsApp, por exemplo; 

5 – Comprar como convidado: menos é mais, ou seja, reduzir sempre a quantidade de dados que o usuário precisa inserir em uma plataforma;

6 – A febre do stream: a possibilidade de realizar assinaturas “on demand” para o transporte e com mais flexibilidade, como pausar assinaturas durante uma viagem, por exemplo, pacotes familiares, entre outras comodidades;

7 – Quanto mais flexível o modo de pagamento, melhor (exemplos: PayPal, PIX, boleto e até mesmo opções de comprar e pagar depois);

8 – Recompensar o cliente é o futuro: vouchers e descontos por usar determinado serviço;

9 – Compras instantâneas: opção de compra diretamente nas redes sociais, onde as pessoas estão o tempo todo, e oferecer sempre mais um serviço, como um produto relacionado ou combo;

10 – Previsão e confiança: consumidores adoram entrega antes do esperado, portanto, no transporte, seria oferecer uma margem de tempo de espera maior para não causar frustração e sim o efeito contrário;

11 – Emissão de gás carbônico: oferecer ao usuário a informação da quantidade de gás carbônico que foi salva com a escolha dele(a), por exemplo – motivar decisões sustentáveis;

12 – Assinatura de serviços cada vez mais personalizadas, alinhadas com as preferências do consumidor.

Para sustentar todos estes insights relevantes, Michael e Kay ainda apresentaram dados e números impressionantes. Um exemplo muito interessante disso é o fato levantado por Michael Rogge.

“Mostrar para as pessoas que ao pegar o ônibus ou trem elas salvam determinada quantidade de C02 – ao invés de ir com o seu próprio carro – é um grande benefício” exemplifica ele, fazendo relação aos casos em que é possível ver a pegada de carbono nas compras feitas via marketplace atualmente. 

Na sequência, Rogge continua dizendo que ainda não viu tal funcionalidade aplicada na mobilidade urbana, mas que tem certeza de que verá em breve, o que é bastante interessante, pois esse ponto foi também levantado por Killian Ulm, da Axon Vibe, no mesmo dia. Isso claramente reforça que essa deve ser uma grande tendência para o futuro da mobilidade urbana sustentável. 

De acordo com os dados mostrados pela dupla de especialistas, a sustentabilidade é considerada como critério de compra para 60% dos consumidores ao redor do Mundo. 

Na mesma linha de pensamento, foi apresentado que 63% dos consumidores ao redor do Mundo dizem que mudaram seu comportamento de consumo rumo a uma melhor sustentabilidade nos últimos cinco anos. 

Orçamento de mobilidade e as novas diretrizes para o transporte público

Na parte da tarde comparecemos ao debate “Orçamento de Mobilidade como oportunidade: Novas diretrizes para o transporte público”. Este bate papo aconteceu através da organização da Deutsche Bahn AG, um grupo de transportes e mobilidade com foco em ferrovias que opera em toda a Alemanha e é propriedade do Governo Federal da mesma. 

Nesta ocasião, importantes nomes do transporte europeu participaram da discussão, sendo estes: Jens Lemke (Fundador e Diretor Administrativo da Commodis), Henry Kördel (Chefe de Marketing de Passageiros da S-Bahn Hamburg), Kilian Kärgel (Head de Mobilidade Conectada na Deutsche Bahn AG), Danilo Schapke (Gerente de Remuneração e Benefícios da DB AG), Mareike Rauchhaus (Head de Comunicações na Nextbike). Como moderador do debate esteve o jornalista Vladimir Balzer.

Durante uma hora, os participantes discutiram a respeito da transição que vem ocorrendo no setor da mobilidade, tal como o surgimento de soluções inovadoras que vieram para facilitar e suprir as novas necessidades dos usuários do transporte. Dentro deste contexto, os convidados expuseram suas opiniões quanto ao conceito de orçamentos de mobilidade financiados pelo empregador – algo que já acontece no Brasil há bastante tempo, à propósito.

Alguns dos tópicos desenvolvidos ficaram em torno de entender o que motiva as empresas e por que elas optam por implementar este conceito para os funcionários. Tal como compartilhar experiências observadas na Alemanha neste sentido até o momento. 

Foram expostas ainda ideias a respeito de quais oportunidades são abertas para os fornecedores de transporte público e mobilidade sustentável por meio de iniciativas como esta.

IoT: Internet of Things

No final do dia participamos de um último painel, mas que definitivamente não é menos importante para nós: “Transações de IoT seguras e rápidas”. O chamado IoT (Internet of Things), que em português significa “Internet das Coisas”, é um assunto que muito nos interessa por aqui e é por isso que tivemos que conferir.

O PHD e Engenheiro de Rolling Stock, Farzad Vesali (Ostertag CS) falou sobre o tema no stand conjunto da Região da Capital alemã Berlim-Brandemburgo. O especialista em engenharia de trens apresentou um case a respeito de soluções para manutenção sob demanda e tecnologia de monitoramento de veículo e infraestrutura, que consegue simular problemas antes mesmo que eles ocorram.

Trata-se de uma plataforma de transação que possibilita a troca de dados com origem em tempo real e à prova de adulteração. Desta maneira é possível gerar retorno sobre o investimento (ROI) com seu próprio monitoramento e estratégia de dados.

“Com essa plataforma, qualquer empreiteiro, qualquer estudante ou qualquer tipo de usuário pode calcular os parâmetros desejados”, explica Vesali e prossegue: “É um painel ‘user friendly’ e qualquer um pode usar” conclui. 

Gostaríamos de contar mais sobre tudo o que vimos na feira, mas isso vai ficar para o próximo episódio da nossa série “UniQ na Alemanha”. Para continuar conosco acesse o link para a matéria da nossa segunda visita à InnoTrans 2022 e fique por dentro de todas as novidades do mercado, além de debates riquíssimos a respeito dos segmentos de mobilidade urbana, transportes, tecnologia e sustentabilidade. 

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